Friday, October 28, 2005



Amor violento
Que obrigas
Que estalas no chão e penduras
Nas paredes que ouvem impuras
Os teus gritos ardentes
De pecado
Amor insessante e profano
Delirante, forçado, invocado
Penetrando a mesa, o vão
De energia imensa e gasta
Amor mais amor
Dor vingada
Raiva cega acelarada
Que amarras no silêncio
Tão dorido de refúgio
Tão escondido no seu mundo
Como é o belo prazer.

27/10/2005
Acalmo a noite vazia
De amargo cinza e verde castanho
Solto a penumbra atroz
O som dorido e veloz
Que a noite atrai de mim dentro
Sou pura névoa que passa
Algo eterno que amassa o chão pintado
Calco e recalco o que digo
Pois vai e morre comigo
Num breve impulso de tempo
É esta a noite primeira
De uma vida tão vasta
Longa imersa em histórias
Histórias imensas de cinza
E manchadas de verde castanho
Como o sentimento que prende
Com a terra que ata
A si o ser finito.

27/10/2005

Cospe-me o vento o sentido
De ser e não ter mais vontade
Divirto-me por dentro se quero
E espero resistir mais um pouco
Condeno o desejo que mostro
E peço à razão um parecer
Sou negro vapor
Calmo ardor
Em vasto pensamento
Sou triste pensar
Na verdade do olhar
Do que sinto.

26/10/2005

Direi tudo por dentro
O que sinto
Gemendo de raiva inconstante
Talvez seja eu negra e faminta
Ou sedenta de ardor e emoção
Sou chão pisado e agúdo
E penso em te não ter
Mas vejo a luz no túnel
E fomento
Sou mar e vento atróz
A florescer.

26/10/2005